Entenda mais sobre a Inteligência Artificial na área tributária

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Especialista explica sobre o dilema da aceitação x dependência neste setor

Uma tecnologia já bastante disseminada, mas cujo potencial impacto nas rotinas organizacionais ainda não está claro para muitos profissionais, é a Inteligência Artificial e como ela pode melhorar a dinâmica de trabalho.

O Brasil é um dos países com maior número de impostos diferentes a serem pagos, com uma elevada carga tributária, configurando em penúltimo no ranking de competitividade entre as 18 nações analisadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Esses índices ajudam a comprovar a necessidade da inteligência artificial na área, que pode atuar como backoffice, sem substituir a mão de obra humana, automatizando processos para que esse trabalho seja aliviado e seja direcionado para o trabalhador funções menos “mecânicas”.

Tiago Slavov, professor do Mestrado em Ciências Contábeis da FECAP, explica alguns dos desdobramentos da tecnologia especificamente na área tributária. “É inegável a capacidade da Inteligência Artificial para transformar processos de preparação e análise de informações contábeis e fiscais. No caso brasileiro, uma referência no mundo todo em digitalização dessas informações pela implementação do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, o potencial é ainda maior.”

Ele explica que com essa alta demanda de impostos, se a digitalização das informações contábeis e tributárias no Brasil tornou alguns processos mais simples, pela adoção do paperless [sem papel], por outro lado aumentou a “fome” do Fisco por mais dados das empresas. Mais dados solicitados significa maior esforço para geração das informações, impactando no incremento de custos e, principalmente, maior risco pela não conformidade tributária.

“As organizações passaram a dar maior atenção às oportunidades de automatização da geração e análise das informações tributárias, contando com o avanço da Inteligência Artificial – IA na área. A IA é uma aliada para o gerenciamento e análise de dados, automatizando num primeiro momento rotinas repetitivas e, depois, o processo analítico, tudo via algoritmos e padrões de comportamento. No entanto, o fator humano ainda é decisivo para o sucesso das implementações de IA nas organizações, especialmente no que se refere ao uso adequado pelos profissionais da área tributária”, pontua o especialista.

Nos últimos anos, o aprimoramento tecnológico e a exploração comercial da tecnologia, contando com o avanço de técnicas de machine learning ou deep learning (modelos matemáticos de previsão), massificou o uso da IA, tornando o hábito de utilizar um navegador GPS para chegar ao destino ou um Chatbot no SAC da empresa, tão corriqueiros quanto o pagamento de tributos.

De acordo com Slavov, para muitos, o apoio pode virar uma dependência: algumas pessoas já não sabem andar pela cidade sem um GPS, e em algumas empresas o cliente não consegue conversar com um funcionário – somente com uma máquina. Esse comportamento “disfuncional” não é culpa do robô, mas do homem.

O dilema, segundo o professor, quando atribuído à área tributária, revela o seguinte posicionamento: com a massificação das implementações de tecnologias nas rotinas fiscais, os executivos devem priorizar a análise da relação de causa e efeito homem-máquina, buscando entender a aceitação ou dependência da tecnologia.

Em outras palavras: se muitos profissionais têm dificuldade para entender e aceitar a aplicação da IA em suas rotinas, outros podem exercer uma confiança exagerada na nova tecnologia. Imagine um jovem que, diante da indagação do pai sobre seu estudo, responde: “não preciso estudar sobre isso porque o Google oferece a resposta”. Ou o viajante que, confiando cegamente no navegador GPS, não percebe que o trajeto sugerido é perigoso ou incorreto.

Ele esclarece ainda que, nesse sentido, o estudo realizado pela EY (2018) afirmando que até 50% do quadro de pessoas pode ser reduzido imediatamente com a adoção de IA, mas apenas 5% das empresas estão cientes dessa possibilidade, ou o levantamento da Deloitte (2016), que apontou situações de redução de mão de obra empregada em processos tributários decorrentes da adoção da IA também favoreceu o crescimento de outras áreas e surgimento de novos empregos e postos de trabalho decorrentes da automação, com salários mais altos e profissionais melhor qualificados, indicam desafios e oportunidades para empregadores e empregados, diante do cenário de adoção, cada vez mais intenso, da IA na área tributária.

Fonte: Portal Contábeis via Tiago Slavov/Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado

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