Apesar de pessimistas, empresários planejam elevar investimento

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O pessimismo dos empresários com a economia brasileira não os impede de planejar aumento dos investimentos e esperar para seus negócios crescimento superior ao do Produto Interno Bruto (PIB). Em pesquisa realizada durante o evento de posse do conselho da Câmara Americana (Amcham), 41,62% dos presentes afirmaram que pretendem elevar investimentos, enquanto 36,42% disseram que vão pelo menos manter os planejamento atual. Apenas 21,97% vão reduzir investimentos.

Entre os votantes, a maioria (61,8%) estima que o PIB crescerá entre 2% e 3,5% este ano e outro terço espera desempenho inferior a 2%. Mas na hora de olhar para seu negócio, os empresários mostram que confiam na habilidade de superar as dificuldades domésticas -65,5% deles esperam desempenho acima da média do país.

A boa perspectiva demonstrada para o investimento – que em 2013 já cresceu acima do PIB – causou surpresa entre os participantes da mesa de debates sobre a economia mundial e brasileira que se seguiu à votação. Empresários que comandam multinacionais brasileiras, ou que atuam no Brasil comandando companhias mundiais, usaram adjetivos como “ruim” e “difícil” para classificar 2014 e desenharam o cenário atual como “cheio de incertezas”.

Na visão dos debatedores, está em curso uma inversão do “comando” de crescimento no mundo, com maior participação de países desenvolvidos e perda de dinamismo dos emergentes. André Gerdau Johannpeter, diretor-presidente da Gerdau, diz que o novo cenário representa mudança importante em relação ao pós-crise e mesmo diante do que acontecia antes, quando os países em desenvolvimento puxavam o crescimento. Diante dessa perspectiva, o consumo mundial de aço deve crescer de 3% a 3,5% e, no Brasil, deve acompanhar o PIB, ficando entre 2% e 3%, estima Gerdau.

No Brasil, disse Gerdau, o cenário é de incerteza (“se o PIB vai crescer mais ou menos”), mas para o segmento em que ele atua há demanda em áreas como infraestrutura, automotivo e construção residencial. Para Reinaldo Garcia, CEO da General Electric para a América Latina, “uma diferença é que há três anos tudo era Brasil, e agora outros latino-americanos passaram a disputar atenção [na atração de investimentos], como México, Peru e Chile.

Nos bastidores do encontro, o desencanto e o pessimismo dos empresários com 2014 e 2015 ganharam contornos mais nitidos. Para alguns, o país sob o comando de Dilma Rousseff ficou muito mais intervencionista. Para outros, o governo planeja, mas não sabe executar. Alguns consideram que faltou foco na infraestrutura e esse gargalo hoje sufoca o país.

Ao avaliar o governo, os empresários falam pouco em ajuste fiscal ou inflação. Para eles, é tudo mais objetivo: depois do Sped contábil e fiscal (notas eletrônicas), veio o e-social (que consolida as obrigações trabalhistas), mais uma burocracia; erros no planejamento enérgico provocaram alta do custo de energia; falta de foco na infraestrutura, lota os portos do país e impede o escoamento da safra.

E o problema, dizem, é que não enxergam nos candidatos à sucessão de Dilma um gestor com um projeto de governo que entenda o setor privado.

 

Fonte: Valor Econômico

 

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