A indústria de cosméticos, higiene e perfumaria registrou queda de 10,9% em volume de vendas de janeiro a julho de 2019 na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
João Carlos Basilio, presidente da entidade, diz que o resultado é efeito não só das dificuldades econômicas do País, mas também de um aumento brutal da carga tributária do setor nos últimos anos. A queda generalizada foi puxada pelos produtos de higiene pessoal e perfumaria, cujos volumes caíram 19,3% e 8,5%, respectivamente.
Já a redução em cosméticos foi mais modesta, de 0,6%. “Nunca tivemos uma queda tão expressiva com estamos tendo agora e isso é fruto de termos diminuído significativamente as promoções no mercado”, afirmou Basilio durante abertura da feira In-Cosmetics 2019. “Tínhamos a fama de sermos resilientes a preços e posso afirmar que não somos”, disse.
Em termos de faturamento, o setor atingiu um total de R$ 30,4 bilhões de janeiro a julho, aumento nominal de 5,3% em relação ao mesmo período de 2018. Descontada a inflação, no entanto, o crescimento vai para 1,5%.
CARGA TRIBUTÁRIA
Basilio afirma que o governo federal tomou decisões arbitrárias no aumento de impostos sobre o setor em 2015, elevando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nas distribuidoras para 15%, o que provocou um efeito cascata na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos Estados.
“A indústria toda repassou esse IPI para os preços. Avisamos que a decisão seria um tiro no pé, que não traria os benefícios imaginados. A arrecadação não aumentou e a sociedade está pagando”, disse Basilio, ressaltando que o Estado de São Paulo foi o único que não aumentou o ICMS. A Abihpec questiona na Justiça o aumento do IPI sobre as distribuidoras.
FOTO: FENACON/DIÁRIO DO COMÉRCIO