Pesquisa mostra que 78,5% das famílias têm dívidas a vencer, interrompendo a estabilidade e registrando o maior volume da série histórica.
O endividamento das famílias brasileiras atinge novo recorde histórico, com 78,5% das famílias endividadas no país e 18,5% se considerando muito endividadas, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O aumento de 0,2 ponto percentual em junho interrompe uma sequência de quatro meses de estabilidade do indicador, atingindo o maior nível desde novembro do ano passado.
Apesar desse cenário de aumento do endividamento, houve uma melhora na parcela média da renda comprometida com dívidas, que alcançou 29,6% – o menor percentual desde setembro de 2020. Essa melhora é resultado da dinâmica favorável da inflação em desaceleração desde o final do ano passado e reflete o aumento da renda dos consumidores que recebem até 10 salários mínimos.
No entanto, a inadimplência acompanhou a tendência de alta do endividamento em junho, com 29,2% das famílias com dívidas atrasadas – um aumento de 0,1 ponto percentual. A melhora da renda disponível e a evolução positiva do mercado de trabalho não foram suficientes para reduzir a inadimplência entre os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo. Atualmente, a cada 100 consumidores com dívidas atrasadas, 46 possuem atrasos há mais de três meses, e essa proporção continua aumentando.
A CNC destaca que os juros altos da economia representam um obstáculo para o crescimento e contribuem para agravar a situação do endividamento das famílias.
Recorte por região e faixa de renda
A região Sul e Sudeste concentram o maior número de endividados, com Minas Gerais liderando o ranking, seguido por Paraná e Rio Grande do Sul. Por outro lado, Mato Grosso do Sul possui o menor índice de endividamento no país, seguido por Pará e Piauí.
No primeiro semestre, todas as faixas de renda pesquisadas apresentaram aumento no endividamento, indicando uma tendência de alta na segunda metade do ano. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o incremento na proporção de endividados foi maior entre os consumidores com renda mensal de 5 a 10 salários, com 2,1 pontos percentuais de aumento. A inadimplência também cresceu mais nesse grupo, registrando um aumento de 2,7 pontos percentuais em um ano.
Fonte: Portal Contábeis.